Além do Tempo e da
Eternidade
Além do
Tempo surpreende a teledramaturgia ao propor uma trama com duas fases de uma
forma inédita. Até então, as novelas lançavam mão de recursos como o flashback
e a memória das personagens para mostrar a interferência de fatos passados nos
sucessos presentes (Alma Gêmea é um bom exemplo). Todavia, a novela das 18h vai
mesmo Além do seu tempo ao mostrar duas vidas distintas de cada personagem com
clara conotação espiritualista, através de duas reencarnações distantes em 150
anos.
O capítulo
de hoje (21-10) encerrou um tempo, situado no século XIX, com toda magia que
ele pode oferecer. Foi um capítulo brilhante com todo o fulgor de um clímax
esperado nos grandes finais. Para alimentar o imaginário vitoriano (sim,
Condessa Vitória) um duelo traiçoeiro, no melhor estilo capa-espada-penhasco,
com Melissa e Pedro pintados com todas as tintas da vilania. Ambos foram
incitados a perdoar e seguir em frente, mas optaram pelo ódio, e, de certo,
responderão por ele na próxima etapa. O carma virá na nova fase, todas as
personagens vestidas com outras roupagens, como mostrou a instigante chamada,
reviverão os dramas do passado num contexto contemporâneo.
Desde sexta
passada, num capítulo que lavou a honra do telespectador e nos fez vibrar com
tanta beleza, os ares já eram de final. O casamento desfeito no altar com a
revelação do segredo do diário (Ah... o século XIX como não suspirar ?), o
príncipe no cavalo raptando a mocinha, as identidades reveladas, novos pares se
formando, o bem vencendo o mal. Mas, com ventos novos soprando, não era o fim,
era o recomeço de novas vidas construídas com o barro moldado no passado.
E por falar
em ventos soprando a melhor metáfora desse “fechamento” de ciclo foram as velas
se apagando continuamente no casarão da Condessa. Uma cena lapidar que sugere
fins e recomeços, vida e morte, luz e sombra. Como uma trama de cunho
espiritual, muito se falou sobre o poder do perdão, aqueles que conseguiram
perdoar renascerão mais leves, os outros continuarão arrastando suas correntes.
Cortando
para o século XXI, o anjo, antes cocheiro, agora atua no metrô( imagem
contemporânea por excelência) e continua conduzindo os destinos. Lívia e Felipe
num olhar eloquente se reconhecem, a reminiscência platônica entra em ação, é o
amor que se eterniza para Além do Tempo.
Sigamos também apaixonados pelos próximos capítulos...
Parabéns pelo olhar cuidadoso ao enredo, às sequências e ao desfecho dessa fase. Pena que a escola ainda não sabe aproveitar a linguagem novelista enquanto gênero narrativa.
ResponderExcluirObrigada, caro colega, penso que é também nossa função aguçar esse olhar.
ExcluirComo sempre, perfeito texto,Alana. Um olhar que poucos conseguem ter!
ResponderExcluirMe rendi aos encantos do séc XIX, à novela de época que só hoje, assisti pela primeira vez, já na expectativa contemporânea... Só um acréscimo em duas cenas que me chamaram atenção: a Condessa que apagou sua própria vela(luz) e o fim trágico do Conde (e sua amada) rememorando Shakespeare em Romeu e Julieta
ResponderExcluirEntrei para ler essa última postagem e acabei lendo todas. Para um noveleiro assumido como eu é legal encontrar pessoas que acreditem que esse tipo de entretenimento não é vazio e nem piegas. Parabéns pelos links.
ResponderExcluirObrigada pelo interesse. Imagino que sejas o noivo de Juliana, como não gostar de boas tramas então? Continuemos alimentado o olhar para ver mais entre as telas.
ExcluirEu mesmo. Obrigado pela atenção.
ExcluirAlana, assisti ao capítulo de ontem e gostei muito, com destaque para a Condessa!! O corte temporal vai nos enredar mais ainda com a trama. A novela é, realmente, boa, e confesso que essas, cuja temática é espiritual, me mobilizam para acompanhar!
ResponderExcluirObrigada, e minha leitora D. Claudia? gosto de saber a opinião dela...
ExcluirAlana,
ResponderExcluirexcelente análise , como sempre. Que bom termos alguém tão capaz acompanhando e escrevendo sobre novelas. Obrigada,
Maria Zélia